quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Fábulas da Floresta Verde | Umas inverdades convenientes







Like it or not, global warming is real, it is man-made, and we need to do something about it. But we are not facing the end of the world.



Climate science is a subtle and fiendishly convoluted discipline that rarely yields unambiguous forecasts or straightforward prescriptions. And after 20 years of much talk but precious little action on global warming, a certain amount of frustration is to be expected. There is an understandable desire to want to cut through the verbiage and shake people by the shoulders.


Unfortunately, trying to scare the socks off of people doesn’t help matters. Yes, a startling statistic, combined with some hyperbolic prose, will make us sit up and pay attention. But we quickly become desensitized, requiring ever more outrageous scenarios to move us. As the scare stories become more inflated, so, too, does the likelihood that they will be exposed for the exaggerations that they are – and the public will end up tuning the whole thing out.


This may explain recent polling data showing that public concern about global warming has declined precipitously in the last three years. In the United States, for example, the Pew Institute reported that the number of Americans who regard global warming as a very serious problem had declined from 44% in April 2008 to only 35% last October. More recently, a BBC study found that only 26% of Britons believe that man-made “climate change is happening,” down from 41% in November 2009. And in Germany, Der Spiegel magazine reported survey results showing that only 42% feared global warming, compared with 62% in 2006.


Fear may be a great motivator in the short term, but it is a terrible basis for making smart decisions about a complicated problem that demands our full intelligence for a long period.










Por vezes a realidade não nos basta. É pequena, triste, insuficiente.

Desde que o mundo decidiu dar as mãos na luta contra as alterações climáticas, há uns anos, de olhos colados em Uma Verdade Inconveniente de Al Gore, uma enxurrada de conclusões científicas assustadoras colocou o ambiente nas bocas do mundo. Contudo, as nossas prioridades mudam, e em época de crise não é fácil mantermos em mente que as nossas acções quotidianas farão com que o mundo acabe lá para 2050 ou coisa que o valha.

Gosto de ler o Bjorn Lomborg não por achar que, no meio de todo o ruído produzido pelos ambientalistas, é ele que nos apresenta a Verdade, mas sim porque tem um ponto de vista diferente daquilo que normalmente nos entra pelos ouvidos adentro. 

Neste artigo, defende que a escalação de argumentos apocalípticos anti-aquecimento global surgiu como reacção de ambientalistas e cientistas ao adormecimento das populações. Como um paciente que vai criando resistências a um medicamento que usa de forma prolongada, são necessárias doses cada vez maiores de medo para manter as populações acordadas. O problema é que ao inflacionar a realidade e optar por cenários extremos se resvala facilmente para argumentos que já pouco ou nada têm de verdade. Ainda está fresco o Climategate, talvez o exemplo maior destas acções.

Resultado: crescente desconfiança geral acerca dos cenários apresentados. Ou pior: descrédito até dos factos consensuais no meio científico, como a acção humana no aquecimento global.

O Lomborg argumenta que por detrás desta actuação se encontra a frustração de quem alerta para um perigo constantemente ignorado. Não pondo de lado esta justificação, acrescento outra: o ego. Penso que se percebe facilmente que quanto mais importante é a economia, mais importantes se tornam os economistas; quanto maior a atenção à saúde, tanto mais importantes serão os médicos. Da mesma forma, acredito que a cada convite para mais uma conferência crescia o amor pelo ambiente por parte dos Al Gores deste mundo. 

Ambientalistas e cientistas transformaram uma verdade inconveniente numa série de inverdades convenientes. Não vale a pena recriminar, até o ego é natural.

Por mim, não tenho dúvidas: se queremos que as pessoas prestem atenção às consequências da poluição, temos de motivar onde dói, e onde não se esquece. Estou certo de que a subida de preço dos combustíveis tem feito mais pelo desenvolvimento dos motores eléctricos e pelas energias limpas do que todos os discursos anti-poluição e todos os ursos polares a boiar em icebergues de 3x4 metros.




1 comentário:

  1. Saliente-se o problema: não é se o mundo acaba por mãos humanas, mas se as mãos humanas têm consciência do fim do mundo.
    Infelizmente, continua presente a velha máxima de que no longo prazo estamos todos mortos, por isso a memória de curto prazo prevalece; só em épocas de fortes campanhas de sensibilização se desloca o pensamento colectivo para o longo prazo.
    Verdade seja, porém, dita: em alturas em que a esperança (económica) para o médio prazo falha, como se pode esperar que as pessoas se foquem no futuro distante? Assumindo o trade-off entre a economia e o ambiente e entre o agora e o depois, faz sentido o momento do movimento ambientalista. Cresça-se novamente, a ver se não começa tudo a falar verde outra vez...

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