domingo, 17 de outubro de 2010

Sociedade Civil | Familia... um emaranhado de emoções e ligações humanas





Baseada no filme com o mesmo nome, «Parenthood» segue a vida dos diferentes membros de uma família focando-se nos desafios diários da paternidade/maternidade na era moderna caracterizada pelos telemóveis, leitores de mp3 e redes sociais.

Utilizando uma mistura de diálogos inteligentes com um humor suave, esta é uma série doce, divertida e apaixonante que conta com grandes performances de actores conhecidos como Peter Krause, Lauren Graham, Monica Potter ou Craig T. Nelson.

Série que centra a sua história na complicada trama das relações familiares - Sapo TV


Parentalidade... tudo aquilo que é inerente à função de pai (no sentido lato da palavra). Este é o tema central desta série americana que teve inicio no decorrer deste ano e que já vai na sua segunda temporada.

Na minha opinião, um dos segredos para uma grande série é ter bons protagonistas, principais e “secundários”, conciliados com um argumento coerente e original. Quando digo original não falo de ser uma ideia nova, refiro-me à abordagem que é feita a um tema tão delicado e permanente como este - a Familia.

A “disfuncionalidade” de qualquer familia define-se na diferença que preconizamos perante o modelo de familia que cada sociedade configura mediante os seus valores fundamentais. Durante 40 minutos, podemos observar o quotidiano de uma familia que se tenta aproximar da típica familia americana que se insere no também recorrente “sonho americano”.

Perante um argumento tão generalista e abrangente, seria de esperar uma série banal, recheada de clichês e adornada de diálogos óbvios e finais felizes, dando ao espectador a “falsa” sensação de segurança e estabilidade que normalmente nos é dada nas novelas em horário nobre.

Mas é precisamente neste ponto que esta série se destaca: ela tira-nos da nossa zona de conforto e põe-nos a pensar, quase como um “wake up call” para o papel que diariamente representamos na nossa familia.

Desde o drama de pais que têm um filho com sindrome de Asperger – semelhante ao autismo – até uma mãe solteira, desempregada e com dois filhos, passando por uma relação conturbada entre “avós”, não deixando de fora uma relação entre um casal onde se retrata a nova tendência em que o Pai se assume-se como a Mãe de serviço e fica em casa a tomar conta da filha e... da casa!!!

Entre outros temas, a verdadeira beleza de cada episódio traduz-se na forma como se exploram as ligações humanas e as pequenas idiossincrasias de cada personagem, tanto como individuo isolado como alguém que tem necessariamente de reconhecer e assumir o seu papel dentro do seu circulo de amigos, familia, trabalho ou na sociedade em geral.

Desde os diálogos até à própria interacção fisica e emocional entre os personagens, reúnem-se aqui todos os ingredientes que tornam este programa televisivo em algo magnetizante, quem sabe pedagógico e, acima de tudo, que estimula a reflexão e introspecção em todos nós que, enquanto seres humanos, somos carentes de relações humanas com significado.