quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lotação Esgotada | Sonho ou Realidade?




"Percurso Para realizar A Origem Christopher Nolan contou com um orçamento de 200 milhões de dólares (cerca de 155 milhões de euros), sem quaisquer restrições criativas. Desde os dois últimos filmes da saga Batman, especialmente com o sucesso de O Cavaleiro das Trevas (2008), Nolan se tornou num dos nomes mais poderosos de Hollywood. No entanto há um outro Christopher Nolan que não o realizador de blockbusters que somam milhões atrás de milhões. Aliás, o realizador começou no cinema de carácter mais alternativo. O seu primeiro filme, Following (1998), em que surgem os primeiros traços da personagem de Leonardo DiCaprio neste A Origem, teve um orçamento de... seis mil dólares (4 600 euros). O thriller psicológico (tema recorrente na sua cinematografia) Memento teve um orçamento modesto, mas com bons resultados. E foi este filme que o levou aos grandes estúdios, tendo sido Insónia (2002) o primeiro na Warner Bros."


In: ” Como se tornou num dos poderosos

fonte: DN Artes



O filme “Inception” (A Origem) é sem dúvida um marco no cinema, quer se goste ou não do género, do realizador, dos actores ou da história. Christopher Nolan já se tinha apresentado como um realizador inteligente e original com os filmes The Prestige, Insomnia ou Memento, mas é com Inception que ele tira todas as dúvidas sobre as suas capacidades de realização, produção e concepção de argumentos poderosos e originais. Também Leonardo DiCaprio aproveita mais uma vez para demonstrar a intensidade, a qualidade e a força com que interpreta cada personagem, protagonizando mais algumas cenas dignas de Óscar.


Com um argumento que demorou cerca de 10 anos a preparar, o filme fala-nos de um golpe de espionagem, de sonhos, de uma grande paixão e do poder da mente humana. Não quero revelar muito sobre o filme para não deixar aqui nenhum spoiler, mas não posso deixar de falar de algumas referências e alguns aspectos que ficam na retina (ou no ouvido):


- O enredo onírico do filme e que envolve todos os personagens é claramente o mote para uma argumento singular, tanto na abordagem ao tema dos sonhos como na própria concepção de uma história que se passa, na maior parte do tempo (ou todo o tempo!), dentro da mente humana!


- A banda sonora é extraordinária (ou não tivesse sido ela composta por Hans Zimmer), de tal forma que se sente a sua presença em todo o filme, pautando o ritmo e a cadência de cada cena e o desenrolar da acção;


- Fotografia e Realização brilhantes, tanto nos planos de filmagem e efeitos especiais como na beleza e originalidade dos cenários que nos são apresentados na tela, principalmente tendo em conta que estamos a falar de locais que apenas podem existir no campo da imaginação e que por isso facilmente poderiam ser uma desilusão face à dificuldade de concretização de ideias em coisas físicas;


- O desempenho dos actores é fantástico, nomeadamente o de Leonardo DiCaprio e de Marion Cotillard, que são os protagonistas de uma história de amor impossível. No entanto, fica a ideia, embora difícil neste género de filme, que falta um pouco mais de drama em algumas cenas e em alguns personagens – pormenor claramente secundário face ao peso do argumento principal;


- A narrativa do filme é ousada, embora não tanto como no Memento, mas suficiente para prender qualquer um à cadeira, atento e sedento de respostas para a confusão mental que se vai instalando; os diálogos são bastante precisos e esclarecedores (principalmente na 1ª parte do filme onde se explica tudo o que é necessário para perceber as cenas seguintes) e são uma forma de perceber as idiossincrasias de cada um dos personagens.


A interpretação desta história é subjectiva e dúbia, pois fica-se com muitas ideias mas poucas certezas, no entanto com uma boa pesquisa em sites e blogues podemos ter uma ideia mais concreta e precisa sobre a intenção e o conceito por detrás do filme. Recomendo vivamente o visionamento deste filme: no cinema, várias vezes e com predisposição para pensar e reflectir (dado que este não é um filme de Domingo à tarde), pois só assim poder-se-á degustar uma obra-prima do cinema actual!



What’s the most resilient parasite? An Idea! A single idea from the human mind can build cities. An idea can transform the world and rewrite all the rules. Which is why I have to steal it.” – Cobb








7 comentários:

  1. Ok, fiquei em pulgas para ver o filme! :)

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  2. "...prender qualquer um à cadeira, atento e sedento de respostas para a confusão mental que se vai instalando..."

    GENIAL!!!

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  3. Não é um filme a que o espectador assista passivo, de todo. A mim fez-me o cérebro fervilhar de ideias, hipóteses, interrogações e nem o fim do filme me fez descansar e suspirar de alívio. Vou hoje vê-lo outra vez, a ver se consigo responder às perguntas que ficaram. Houve alguns momentos em que senti o impulso de me levantar no meio do cinema, pôr as mãos à cabeça e dizer: "Isto é genial!" :P

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  4. @furnas: estamos de acordo, apesar de a parte inicial do filme ser muito explicativa (o que, sendo necessário, torna os diálogos um pouco mecanizados) não é fácil perceber onde está a realidade, o que pode ser e o que não pode.

    por experiência própria, acho que fazes muito bem em rever o filme. nunca fui adepto disso, mas desta não resisti! estou certo que terás algumas respostas, mas também irão nascer novas dúvidas, tão ou mais deliciosas.

    depois de o reveres diz o que achaste, mais haveria a acrescentar mas é preferível que o revejas antes...

    este inception é sem dúvida uma bela ideia... e um belo parasita!

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  5. É já uma imagem de marca do Nolan, esta reviravolta final nos filmes, o que me leva a pensar que, não deixando de ser um dos melhores realizadores da actualidade e possivelmente para a posteridade, os seus filmes estão a tornar-se "repetitivos". Com isto não quero dizer que sejam enfadonhos ou com falta de originalidade, quero dizer que quando vir os próximos filmes dele já vou estar à espera do "nó no cérebro", da reviravolta perto do fim e de um final ambíguo.

    Portanto, este "repetitivos acaba por se tornar uma coisa boa, se ele conseguir manter esta qualidade nas salas de cinema.


    Quando se vai começar a discutir teorias do filme por aqui?

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  6. Parece-me que essa "repetição" é feita de forma única em cada um dos filmes dele, o que faz com que, mesmo sabendo que o final terá um twist, consigamos ser surpreendidos de forma estonteante...quanto a discutir o tema
    (Spoiler Alert!!!)
    lanço desde já a questão: quem defende que o "peão" cai e porquê e vice-versa.

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  7. Apenas ontem vi o Inception.
    Gostei muito. Mais ainda do que estaria à espera, embora goste muito dos filmes "Nolianos"...

    No entanto, e em relação à crítica feita aqui, acho um exagero chamar a este filme um "marco do cinema". Marcantes são filmes que mudam o paradigma da 7ªarte, algo que não se vai verificar aqui...

    No entanto é realmente extraordinária a capacidade de Christopher Nolan de "obrigar-nos" a usar a concentração em vez da descontracção para fruir os filmes dele.

    Quanto ao "famoso" twist final... Juro que não sei do que estão a falar. É de facto o único elemento que me surpreendeu no trabalho de Nolan

    Para finalizar, a minha opinião em relação à pergunta feita: enquanto miúdo que gostava de brincar ao Pião (e o fazia várias vezes) e espectador atento do filme (reparei no pormenor a partir do momento em que nos é transmitido), apenas posso concluir que o pião cai. Até por outra razão. Se assim não fosse, a coerência do realizador poderia estar comprometida aos olhos dos espectadores "mais atentos". E o Nolan, por mais criativo e entusiasmante que seja, nunca é incoerente.
    Tudo mais, na minha opinião, é teoria de alimento conspirativo.

    Abraços

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